CONFERÊNCIA INAUGURAL
“A Introjecção como uma Teoria de Linguagem e as Narrativas”
Pinheiro, T. *
A conferência visa apresentar o conceito de introjecção de Sándor Ferenczi como
inspiração para uma moderna teoria de linguagem, capaz de nos ajudar no trabalho
da clínica contemporânea.
Serão discutidos os seguintes temas: as duas teorias de linguagem indicadas na
obra de Freud: uma trabalhada nos textos da metapsicologia e outra expressa na
teoria da clínica; o conceito de introjecção elaborado por Ferenczi em 1909 toma
o objecto como portador de sentido e como processo de constituição da
subjectividade indicando uma teoria da linguagem que prescinde do conceito de
representação; os modos de constituição subjectiva propostos por Freud e
Ferenczi e a teoria do trauma permitem uma leitura que pode auxiliar na
compreensão das narrativas dos pacientes da clínica contemporânea.
(*) Psicanalista e Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
MESA REDONDA “A IDENTIDADE DO MODELO” “Identidade e Limites do
Aconselhamento“
Morais, A.* “…, o horizonte é aquilo que assegura
a identidade do objecto no decorrer da exploração …
Merleau-Ponty, M., Fenomenologia da Percepção
Na sequência da aplicação prática, da descrição e da fundamentação teórica
realizadas noutros contextos, a presente comunicação procura definir com maior
acuidade e detalhe, a identidade e os limites do Aconselhamento Breve Focal
Integrado. Inicia-se com uma breve referência às origens, definições e
progresso do Aconselhamento; prossegue-se com a descrição da metodologia prática
e da utilidade dos quadros de referência teóricos do modelo actualmente
desenvolvido e no final - recorrendo-se da reflexão crítica sobre dimensões
clínicas e sobre a supervisão de determinados casos - salienta-se o que se
refere aos limites impostos pelos horizontes, os pedidos, o foco e sobretudo, os
recursos do técnico a fim da ilustrar os fundamentos de um possível debate sobre
os aspectos técnico e teóricos do processo.
(*) Psicoterapeuta Titular Didacta da SPPB “Ferenczi e a
Co-Transferência”
Góis, G. * e Lau Ribeiro, P. *
Esta comunicação propõe-se reflectir sobre o modo singular do terapeuta para
compreender a comunicação humana, que orienta o seu trabalho clínico.
Tomando como referência o Diário Clínico de Ferenczi (1932/2003), emergiram
algumas questões: - Quando o Sujeito não colabora qual a implicação do
terapeuta nisso?
- Que papel tem a Autenticidade no próprio dispositivo? Partindo do
conceito de Autenticidade os autores, na tentativa de estabelecer uma ponte
entre o plano analítico e o plano existencial, questionam o que será essa
Autenticidade (Naturalidade na perspectiva de Ferenczi) no Modelo Integrado, que
se constitui como elemento da Co-Transferência, apresentando um caso clínico
como uma possível ilustração. Palavras-Chave: Autenticidade; Comunicação
Humana; Dispositivo; Co-Transferência
(*) Psicoterapeutas Titulares Didactas da SPPB
MESA REDONDA “CONTRIBUTOS DE FERENCZI”
“A Actualidade no Modelo Integrado“
Botelho, I. * e Morais, T.*
“Espero que o futuro assista ao início de uma época iatrofilosófica, onde os
mais variados domínios do conhecimento, em particular as disciplinas
relacionadas com as ciências naturais e as ciências do espírito, actualmente tão
distanciadas umas das outras, poderá reencontrar-se na ciência médica,
convertida em ponto de convergência de todas elas.”, Ferenczi, S.
Apresentam-se as contribuições de Ferenczi para as Psicoterapias Breves em
geral, e, concretamente no Modelo de Psicoterapia Breve Integrado, que tem vindo
a ser desenvolvido na SPPB. As alterações experimentadas e introduzidas pelo
autor conduziram a mudanças no trabalho Terapêutico ainda hoje consideradas e
actualizadas. Ferenczi preconizou a reformulação do enquadramento analítico.
Pela participação activa do Terapeuta, abrevia-se a duração do processo,
privilegia-se a relação Terapêutica com o desenvolvimento dos conceitos de
transferência e contra transferência, bem como pela importância atribuída ao não
verbal. Referimo-nos à duração do processo terapêutico, à preocupação com as
necessidades dos clientes, à interacção entre paciente e analista, à necessidade
e à procura constante de alterações à técnica, como modo de ultrapassar impasses
terapêuticos e tentar responder às necessidades dos pacientes, incluindo aqueles
que não reúnem os critérios de indicações formais.
A ressonância do seu trabalho clínico identificamo-la, particularmente no
trabalho de intervenção terapêutica que tem vindo a ser desenvolvido pela SPPB,
nomeadamente na construção e desenvolvimento da AT, destacando-se o papel da
Co-transferência, na Regressão e no Terminar.
Em suma, Ferenczi introduz na clínica um novo nível de trabalho e de estar
terapêutico que pertence à esfera do inter-pessoal / inter-humano, que se
relacionam com as questões da ética, com implicação nos requisitos do terapeuta
como pessoa e na sua formação, tão próprios ao Modelo preconizado pela SPPB.
Palavras-Chave: Participação Activa do Terapeuta, Relação Terapêutica,
Linguagem, Duração do Processo, Alterações à Técnica
(*) Psicoterapeutas Titulares Didactas da SPPB
MESA REDONDA “ALTERAÇÕES À TÉCNICA” “PB – MI – Intervenção em
Contexto Institucional”
“O Papel do Modelo Integrado de Psicoterapia Breve num Serviço de Psiquiatria de
um Hospital Geral”
Mendes, A.* A partir da experiência clinica num Serviço de Psiquiatria de
um Hospital Geral, apresenta-se uma reflexão sobre a psicoterapia com pessoas
com doença mental grave, ilustra-se as dificuldades e problemáticas essenciais
destes doentes, à luz da psicoterapia breve - modelo integrado. A referir também
a contribuição do modelo para o terapeuta compreender um sintoma como um estilo
de ser-no-mundo, no modo que este se dá existencialmente.
(*) Formanda do Curso de Psicoterapeutas da SPPB
“A Aplicabilidade da Psicoterapia Breve Modelo Integrado numa Equipa de Saúde
Mental Comunitária”
Vieira, J.*
Pretende-se com esta comunicação reflectir como é possível aplicar o modelo
integrado de psicoterapia breve tal como é preconizado pela SPPB numa equipa de
Saúde Mental Comunitária de um Hospital Psiquiátrico. A população atendida
sofre na sua grande maioria de psicopatologia nas suas manifestações mais
severas o que influencia a aplicabilidade do modelo com implicações a vários
níveis. Torna-se pois necessário reenquadrar indicações e contra-indicações,
determinar quais as alterações à técnica a executar, quais as diferenças que têm
de ser introduzidas no setting e em que medida, no fim de tudo, a intervenção
ainda é à luz do nosso modelo. Acompanha a comunicação uma breve
ilustração da casuística referente ao ano de 2009. (*) Formando do Curso
de Psicoterapeutas da SPPB “Os Contributos do Modelo Breve Integrado num
Serviço de Psicologia nos Cuidados de Saúde Primários”
Granja, P.*
Pretende-se reflectir sobre como é possível aplicar o modelo integrado de
psicoterapia breve num serviço de psicologia nos cuidados de saúde primários
analisando os seus contributos em toda a extensão da intervenção psicológica.
Falaremos das especificidades da adaptabilidade da pessoa à doença orgânica, da
intervenção ao nível das diferentes crises ao longo do ciclo de vida, e das
perturbações ansiosas e depressivas. Reflectir-se-á sobre as indicações e
contra-indicações, o foco, a durabilidade do processo, o contrato terapêutico, o
estabelecimento da aliança em contexto institucional e sobretudo sobre a postura
terapêutica como elemento essencial para o sucesso terapêutico.
(*) Formanda do Curso de Psicoterapeutas da SPPB
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos que o primeiro agradecimento fosse para a Equipa que idealizou e
realizou o X Encontro, a Direcção, a Comissão Organizadora, a Comissão
Científica e o Secretariado, pelo seu empenho na concretização dos seus
objectivos. Agradecemos também à nossa convidada, a Professora Teresa
Pinheiro e a todos os Colegas que apresentaram os seus trabalhos, contribuindo
assim para a realização deste Encontro. O seu contributo foi valioso e nesse
sentido contamos com a sua participação e de todos aqueles que o desejarem num
próximo Encontro. Um palavra especial de agradecimento a todos os que
participaram com a sua presença, sem os quais, os objectivos traçados seriam
desprovidos de sentido e como tal inalcançáveis. Por fim gostaríamos de
agradecer à Fundação Calouste Gulbenkian, à Livraria Bisturi e a todos os que
connosco contribuíram e participaram neste X Encontro.
“Eis minha subjectividade: percebo a vida como um processo em
transformação, caminho que construímos ao caminharmos. Percebo-a também
como dádiva: tenho aprendido, diariamente, que ela é frágil e, acima de
tudo, finita. Isso faz com que eu busque respeitá-la, apreciá-la e
cuidá-la e, nessa medida, dedicar-me a ela, vivendo-a como se vive um
grande amor: buscando o prazer máximo do Encontro” Bartuci, G.
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